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Experimento a ser observado
no Laboratório de Psicobiologia:
Reação
de defesa induzida por estimulação elétrica de estruturas
mesencefálicas
Por que estudar a reação de defesa nos animais?
O medo e ansiedade em seres humanos têm origem na reação de defesa dos animais. O sentimento de medo ajuda os homens e os animais a identificar ameaças à sua integridade e reagir a elas. Então, as reações defensivas que os animais exibem quando expostos a uma situação perigosa, podem ser empregadas como modelo para investigar as raízes biológicas humanas do medo e ansiedade. Resultados destes modelos animais estão levando a uma melhor compreensão de vários mecanismos biológicos envolvidos na circuitaria neural do medo e ansiedade.
Imagine-se frente a um cão selvagem prestes atacá-lo. O perigo faz com que o coração dispare, as mãos suem, a respiração fique ofegante e a pressão arterial aumente. Sem que você perceba, seu fluxo sangüíneo é redistribuído da pele e das vísceras para os músculos e o cérebro. As pupilas dilatam-se e os olhos arregalam-se. A consciência de um ataque iminente do inimigo mantém toda a sua atenção nas mínimas alterações no ambiente, deixando-o pronto para uma eventual resposta de luta ou fuga. Esse é o sentimento de medo.
Esta emoção, acompanhada de suas reações fisiológicas vêm sendo investigados por diversos pesquisadores das áreas de psicologia e neurobiologia. Entre as descobertas mais importantes destaca-se a identificação de circuitos cerebrais específicos para os vários componentes ligados ao medo e à dor. Tais circuitos participam do processamento e da identificação dos estímulos ambientais de perigo, da organização e expressão de reações fisiológicas e comportamentos (respostas imediatas àqueles estímulos), bem como da consciência da experiência emocional.
Trata-se de uma verdadeira 'orquestra sináptica', que origina todos os processos comportamentais ou psicológicos -- dos mais simples, como perceber uma luz ou um som, até os mais complexos, como reagir a um estímulo e expressar uma emoção.
A finalidade desse conjunto de reações, muito bem orquestrados por um conjunto enorme de sinapses que expressamos desde os primeiros anos de vida, é provocar padrões comportamentais de fuga ou luta diante de estímulos ambientais sinalizadores de perigo. Outras espécies animais compartilham essa habilidade, embora não se possa assegurar que tenham a consciência subjetiva da experiência emocional de medo.
O medo sem motivo ou excessivo pode se tornar um sério transtorno. Estudos feitos nas duas últimas décadas -- sobre as estruturas e processos cerebrais envolvidos nas respostas do organismo ao medo e à dor -- vêm possibilitando não só um conhecimento mais detalhado de como o cérebro deflagra e regula esses sentimentos, mas ainda revelam como e por que as psicoterapias são capazes de reduzir os sintomas de distúrbios como fobias, ansiedade e pânico.
Estrutura estudada neste experimento:
colículo inferior, uma das estruturas do mesencéfalo.
Qual a relação das estruturas
do mesencéfalo com a reação de defesa?
Várias evidências apontam que estruturas mesencefálicas, como colículos superiroes e inferiores e matéria cinzenta periaquedutal dorsal estão envolvidas em reações de ansiedade ligada a situações de perigo ou trauma. Uma nova estrutura foi identificada recentemente por pesquisadores coordenados pelo cientista Marcus Lira Brandão, do Laboratório de Psicobiologia da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto. O núcleo mediano da rafe, área do mesencéfalo que fica na união entre os dois hemisférios cerebrais, é acionado sempre que um indivíduo recebe estímulos ambientais associados a uma situação aversiva, provocando o medo contextual, o qual surge na representação do ambiente onde se verifica o perigo.