Antes
da invenção de anestésicos e a prática de assepsia, cirurgia de cérebro era
uma sujeira terrível. Há registros históricos que a cirurgia do cérebro foi praticada
na Grécia, por Hipócrates e os seus seguidores, assim como nos tempos do império romano (Galeno
era considerado um grande neurocirurgião), no mundo árabe, por cirurgiões medievais, etc.,
avançando até o século 18. A maioria das operações era realizada para tratar
tumores superficiais, fraturas e trauma encefálicos, especialmente os causados por armas (cirurgia militar).
Porém, a maioria dos pacientes morria como conseqüência da cirurgia. As habilidades cirúrgicas
da época não serviam para a natureza delicada do cérebro
Além disso, o uso de cirurgias fictícias do cérebro para tratar loucura, epilepsia e outras doenças mentais, era muito comum entre curandeiros médicos durante muitos séculos. Por exemplo, nos tempos medievais, barbeiros-cirurgiões vagavam pela zona rural e cidades, oferecendo uma cirurgia por remover a "pedra de loucura" ou "pierre de follie", que supostamente existiria dentro dos crânios de pessoas mentalmente perturbadas.
Assim, o cérebro permaneceu durante muitos séculos um território quase proibido para a cirurgia aberta por médicos sérios.
A estrada para a psicocirurgia científica começou com a descoberta que certas partes do cérebro controlam o temperamento, as emoções e o intelecto. Na segundo a metade do século 19, a ciência médica estava começando a acumular um corpo razoável de evidências que isto era verdade. Em oposição aos ensinamentos pseudocientíficos da frenologia, propostos por Franz Joseph Gall, experiências biológicas com lesões e estimulação do cérebro de animais, estava começando a mostrar o modo como se podia estudar cientificamente as relações entre cérebro e mente, pela primeira vez.
Dois casos clínicos bizarros e muito discutidos, porém, foram fundamentais para chamar a atenção de neurocirurgiões para os efeitos da lesão extensa de uma parte do cérebro, o córtex prefrontal. Ambos se tornaram casos clássicos nos livros de ensino de neurologia.
O primeiro desses casos foi o de Phineas Gage, um jovem trabalhador de ferrovias que sofreu
mudanças profundas em umor e comportamento em seguida a uma lesão extensa acidental da parte frontal
do cérebro dele quando uma barra de aço atravessou o crânio dele. Os achados no caso do Phineas
Gage foram usados para confirmar posteriormente a localização de tumores de lobo frontais em outros
pacientes; e, pela volta do final do século, já tinham sido realizadas várias operações
nos lobos frontals, conduzindo indiretamente assim ao desenvolvimento da lobotomiapor Egas
Moniz, em 1936.
O segundo caso foi de um paciente institucionalizado em Paris, França, que era conhecido pelo nome de "Tan" , que era justamente a única palavra ele podia falar, como conseqüência de uma lesão sifilítica da parte frontal esquerda em seu cérebro. Este paciente foi estudado pelo brilhante médico Paul Pierre Broca, que foi o primeiro a determinar a localização do centro de fala no cérebro, no terceiro giro do córtex prefrontal; e que é chamado de área de Broca agora. Isto e outro o paciente de Broca consolidou em neuroscience a visão que a lesão de áreas de cirscumscribed do cérebro pudesse causar a perda de funções mentais ou nervosas muito específicas no ser humano.
O Caso Surpreendente de Phineas Gage
Paul Pierre Broca: Uma Breve Biografia
Avanços
de Cirurgia de cérebro
A neurocirurgia
científica começou na realidade no século 19. Em Boston, no Massachusetts General Hospital,
a primeira cirurgia sob anestesia de éter foi realizada em 1847,
William Macewen, cirurgião geral escocês, relatou em 1893 os casos de 19 pacientes que ele operou para tirar abscessos do cérebro, dos quais 18 foram curados. Em uma época em que não existiam antibióticos, esta é uma taxa de cura verdadeiramente notável, uma verdadeira revolução. Ele conseguiu isto com base em técnicas cirúrgicas modernas e cuidados pós-operatórios adequados. Macewen planejou a sua primeira cirurgia cerebral baseado nas observações clínicas de Paul Broca. Outro grande neurocirurgião, Victor A.H. Horsley, também desenvolveu muitas técnicas e obteve muito sucesso sem seu campo. Horsley também se tornou um predecessor importante da psicocirurgia, devido à invenção da técnica estereotáxica , em 1908. Embora ele tenha desenvolvido a técnica para experimentação animal, nos anos 40 vários neurocirurgiões, como Ernst Spiegel, no E.U.A., e Lars Leksell, na Suécia, desenvolveram e usaram esta técnica pela primeira vez para cirurgias delicadas, precisas e minimamente invasivas.
Um americano, Harvey Williams Cushing, considerou o maior neurocirurgião do 20º século, neurocirurgia consolidado como uma especialidade e desenvolveu uma escola muito influente, com muitos discípulos importantes do mundo inteiro. De 1905 em, ele avançou neurocirurgia desenvolvendo uma série de técnicas cirúrgicas que ainda são em uso hoje. Ele também escreveu extensivamente.
Harvey Williams Cushing: Uma Breve Biografia
Senhor Victor Horsley:
Uma Breve Biografia
Para Saber Mais
| De: A História de Psicocirurgia Autor: Renato M.E. Sabbatini, PhD, Fonte: Revista "Cérebro & Mente", junho de 1997, |
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